domingo, 9 de janeiro de 2011

INÍCIO DA PRE PRODUÇÃO




Meus caros amigos e leitores.
Começou hoje a pré-produção do próximo filme que irei produzir e dirigir. Chama-se "Nova Amsterdam - Terra do Sol Banhada de Sangue" que terá o patrocínio do BNB e do BNDES. É um filme de época, uma história romântica que tem como pano de fundo os massacres de Cunhaú e Uruaçu, em 1645.


Hoje, em companhia de meus auxiliares de produção, Inamar Alves (são dele as fotos que ilustram esse texto) e Gonçalo Rafael, visitei uma das locações do filme: a Vila de Cunhaú, em Canguaretama, onde aconteceu um dos massacres.


A partir de hoje irei compartilhar com vocês mais essa experiência maravilhosa de produzir cinema numa terra tão difícil, nosso Rio Grande do Norte.


Copio aqui a expriência de Fernando Meirelles, grande cineasta, um dos mais inspirados dos tempos modernos, diretor de dois filmes que eu adoro: "Cidade de Deus" e "Jardineiro Fiel". Durante a produção do "Ensao sobre a Cegueira", o Fernando escreveu um blog e socializou com os internautas todas as suas venturas e desventuras para começar, produzir e concluir o filme baseado na obra do imortal Samarago.


Eu cheguei a ler alguns posts de Fernando Meirelles na época em que ele estava envolvido com "Cegueira" e aquilo tudo me entusiasmava.Agora que estou prestes a me aventurar nessa nova empreitada cinematográfica, talvez a mais difícil missão que já enfrentei, desejei também ter uma espécie de diário onde eu pudesse interagir com alguns (poucos, diria até pouquíssimos) amigos leitres.


Não gosto de escrever para a internet. Tenho preguiça. Me deixa entediado. Nesse momento já estou me coçando para largar tudo e fechar o computador. Não gosto de Orkut e muito menos de Twitter. Aliás, tenho pavor do Twitter. Freqüento muito pouco a minha página no Facebook. Também tenho espaço no Flicker. Possuo esse há pelo menos dois anos e escreveo raramente nele. Mas agora, por esta necessidade repentina e inexplicável de socializar a experiência do filme, prometo que serei freqüenador assíduo destas páginas.


Então aqui estou.


Prometo também que manterei a página sempre recheada com algumas fotos de bastidores, já que essas serão as únicas imagens que poderão ser vistas do filme até ele ser lançado.Essa é uma decisão minha. Manterei absoluto segredo sobre tudo na produção.


Isso não é paradoxal?


Ao mesmo tempo que quero socializar minha expriência de filmar, eu quero manter longe dos olhos dos curiosos o resultado da filmagem?


Minha decisão é que nada poderá ser filmado por câmeras alheias à equipe de produção. Exceto a equipe de Making Off, que com certeza existirá. Eu adoro um Making off. Mas isso é outra história que não quero falar aqui. Até porque não sei se isso é sério, se vou levar a cabo essa idéia de manter as filmagens em segredo. Sou jornalista, narcisista, vaidoso e adoro uma câmera. Terei coragem de dizer não a uma equipe de reportagem que queira mostrar um dia de filmagens? Terei forças para dizer não ao fotógrafo de um jornal ou revista?


Duvido de minha decisão.


Voltemos a Cunhaú, minha locação.


Como disse, estive lá hoje. O lugar é extamente como descrevi no roteiro de 114 páginas. Nunca tinha estado lá antes, porque escrevi tudo baseado em fotos de livros que pesquisei e reportagens de jornais. Mas tudo é exatamente como descrevi. Com uma exceção desagradável, é claro: os postes de energia elétrica. Ah, e também as frondosas mangueiras que hoje existem por lá. Mangueiras que não existiam em 1645 - aliás, essa lindíssima árvore frutífera só chegou as Américas muito tempo depois. Outra coisa desagradável de ver foi a tinta branca com que alguém da Fundação José Augusto mandou pintar a igrejinha e tudo mais ao redor.


Na época, com certeza, nada era branco daquele jeito. Além de não ser a cor original, o branco é péssimo para filmagens em externa com o sol a pino.


Temos aí uma primeiríssima missão para os produrores de platô do filme: pedir autorização da FJA para deixar pintar a capelinha de uma outra cor - pelo menos durante o perído de filmagens que, espero, aconteçam a partir de julho, se as chuvas deixarem.


Segundíssima missão para os produtores de platô e o pessoa da direção de Arte: sumir com os terríveis postes e as fiações da energia elétrica.


O lugar está semi abandonado, quase ninguém vai lá - apesar do sr. Valdemar, que toma conta de tudo, garantir que recebe a visita de muitos turistas - "mas eles nunca deixam nada". Palavras do sr. Valdemar.


Durate o tempo que passei lá, não vi um único vistante - exceto nós da produção. Mas o lugar é lindo. Perfeito para o filme. Todavia, caso os problemas não sejam resolvidos, vamos ter que optar por um plano B: arranjar um outro lugar, semelhante a Cunhaú, que tenha uma igrejinha parecida e que seja rodeada por uma povoação antiga.


Voltei para casa pensando nisso: mais um problema para resolver.


Aí, de noite, Inamar me enviou as fotos. Que grata surpresa! Ficaram lindas. Dependendo do ângulo, os fios e postes da energia elétrica podem sumir. E o branco da igrejinha não é tão feio, pode ser que até julho as chuvas tenham dado um jeito de amarelhar um pouquinho. Afinal, é uma mão de cal tão vagabunda que não vai durar muito. Mas é linda. Talvez não seja preciso um plano B, basta que a FJA nos dê autorização de filmar lá. Ainda tem também o dono da fazenda, porque lá é uma propriedade privada, pertencente à uma tradicional família de Canguaretama.


Vou ficando por aqui. Por hoje. Prometo volar.


Edson Soares.


Em 08/01/2011.

Um comentário:

  1. Nossa que legal, foi eu quem pintou os mártires antigamente eram pintados de cal, eu ainda não tinha visto uma foto deles na net, a quanta recordação, muito obrigado .Joca.jocarush77@yahoo.com.br

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